Todos nós temos dias em que,
se pudéssemos, nem sairíamos da cama,
e com ela não era diferente.
Ela tinha dias em que,
mesmo que o sol brilhasse lá fora,
ela sentia como se dentro de seu peito chovesse,
se sentia tomada por nuvens cinza,
nuvens carregadas de uma imensa tristeza,
que formavam uma enorme tempestade.
Nesses dias, ela queria gritar,
porque aquela sensação lhe sufocava o peito,
ela mal podia respirar.
E nesses dias, ela buscava forças
nas coisas que a faziam nunca perder a esperança,
tentava sonhar com os lindos dias de sol
que ainda poderiam vir,
se punha de joelhos e pedia à Deus
que não a deixasse desistir e,
com lágrimas nos olhos e um aperto sufocador no peito,
ela sempre olhava para o retrato da mãe, já falecida,
na parede de seu quarto
e conversava com ela,
lhe dizia o quanto queria que ela estivesse ali
para lhe dar conselhos, ou até mesmo,
para brigar com ela, como sempre o fazia,
lhe exigindo que fosse forte. lhe dizendo que,
suas lágrimas não fariam
aquelas nuvens negras irem embora.
Em dias assim, depois de muito chorar,
ela pensava em tudo o que já tinha caminhado até ali,
e que seria burrice desistir agora,
ela pensava no sorriso do filho, sua razão de viver,
e no quanto ele precisava que ela fosse forte.
Então, ela respirava fundo, secava suas lágrimas
e se punha de pé novamente,
porque ela sabia que,
enquanto estava tentando lidar com sua "tempestade",
o relógio não tinha parado,
e por isso, ela precisava se recuperar e seguir adiante.
Ela sabia que o tempo não iria parar,
éle não iria voltar atrás,
e que o relógio da vida iria continuar a girar freneticamente.
Ela sabia que a vida não esperaria por ela,
e por isso não tinha muito tempo,
ela precisava se pôr de pé,
secar suas lágrimas e tentar ignorar toda aquela dor,
pra poder continuar, até que a tempestade passasse,
ou até que o relógio parasse definitivamente,
e quando isso acontecesse,
aí então seria o fim...
o fim das dores, das alegrias, das tempestades, da vida.
texto : BVieira